Olá amigos leitores!
Quero neste texto fazer
colocações em cima do pouco que ainda conheço dos cavalos, mas que durante a
vida pretendo aprender e dividir com vocês.
Após ler alguns arquivos que
tenho guardado no meu computador pude ter uma idéia muito interessante para este
novo texto.
Algumas pessoas sempre me
escrevem perguntando sobre nutrição em potros e éguas e nem sempre é fácil
passar informações corretas sobre este questionamento. Em muitos casos o
problema não é somente o pasto de baixa qualidade, mas também o fornecimento de
apenas um tipo de alimento durante um longo período. Vejo casos de eqüídeos em
pasto de braquiária durante longos períodos e como o animal nem sempre
apresenta emagrecimento o dono do animal deixa ele ali e não se importa em
ofertar outras fontes de alimentos e quando este animal chega a apresentar um
emagrecimento esta situação já está crítica. Sabemos que o capim braquiária não
é palatável aos eqüídeos e que eles comem em grande parte deste capim apenas as
sementes, e as folhas em muitos casos é tóxica aos animais levando ao inchaço
da cara do animal e saindo uma peladeira em todo corpo, estes podem ser dois
sintomas que poderão aparecer neste tipo de pastagem totalmente errada para
eqüídeos na minha opinião.
Como este texto é voltado para a
nutrição devo iniciar então com os potros. Devemos iniciar sua nutrição no
terço final da gestação com o fornecimento de boa pastagem, sal mineral a
vontade para a égua e também na primeira metade do período de amamentação do
potro que vai até os 3 ou 4 meses (total) dependendo da raça do animal,
lembrando que a segunda metade do período de amamentação 5 a 8 meses o potro já inclui
na sua alimentação a busca por pastagens e outras fontes de alimentos que por
ventura estejam disponíveis a ele.
Em raças que possuem limites
mínimos e máximos de altura para registro costuma acontecer o seguinte: o
criador que possui animais altos para a raça e com medo dos potros
ultrapassarem o limite máximo de altura deixa seus potros subalimentados para
não ficarem grandes demais e quando chega a hora do registro seus potros não
alcançam nem mesmo a altura mínima de registro, aí é aquela maratona pra
comprar GH (hormônio de crescimento) vitaminas, e nem sempre estes “recursos” salvam
seus animais de ficarem sem o registro definitivo e serem somente registrados
no castrado, no caso dos machos, ou das fêmeas de virarem apenas receptoras.
Segundo alguns nutricionistas de
eqüídeos, o desenvolvimento das diferentes estruturas do potro é finalizado
após o nascimento inclusive a maturação do sistema neurológico e uma
subalimentação no período inicial podem comprometer a correta formação
neurológica do animal comprometendo sua capacidade de aprendizado. O contrário
também é verdade, animais bem alimentados possuem treinabilidade e capacidade
de aprendizado muito melhores.
Esta imagem mostra como na minha opinião os
cavalos devem viver pastando em liberdade.
Os eqüídeos são na sua origem
animais herbívoros, ou seja, sua base de alimentação é o volumoso (capim)
podendo variar de gramíneas e/ou leguminosas, sendo que eu considero o melhor
seria a união de gramíneas e leguminosas na mesma pastagem para maior
variabilidade de alimentos para seus animais.
Este volumoso deve ser fornecido à
vontade, deve ser de boa qualidade e adequado às necessidades a que pertença o
animal, podendo ser: manutenção, crescimento, reprodução ou trabalho.
Os eqüídeos têm alta capacidade adaptativa
aos mais diversos tipos de volumosos.
Exemplo: animais de regiões secas
podem se adaptar a alimentos lenhosos de baixa qualidade nutritiva, e animais
de regiões alagadas podem se adaptar à ingestão de ervas submersas.
Estas características citadas
acima não são as mais comuns em nosso país e com a valorização dos animais de
grande porte e com alta capacidade atlética, resistência e beleza, obriga-nos a
oferecer alimentos de grande qualidade nutricional, pois somente assim teremos
cumpridas as nossas exigências mercadológicas.
Claro que se ofertarmos alimentos
de baixa qualidade os animais irão sobreviver, mas dificilmente terão algum
destaque na sua área, seja morfológica ou na parte atlética se comparado a
animais bem alimentados.
O Brasil por ser um país de
tamanho continental, possui grande variabilidade na alimentação de seus
animais, por exemplo: animais criados na região sul possuem necessidades
diferentes de alimentação pelo clima frio durante quase todo ano e clima temperado,
solo de boa qualidade se comparado com animais da região nordeste onde possui
clima quente durante todo ano onde 23 graus são considerados dias frios, com
períodos de seca em alguns meses e chuvas intensas em outros períodos.
Com isso não existe melhor capim
para os eqüídeos e sim o melhor capim para atender melhor a determinadas
regiões, pois não conheço nenhum capim que suporte os dois extremos, frio e
calor intenso conforme citado acima.
O capim para eqüídeos deve
possuir excelente palatabilidade. Se for para pastagens deve suportar muito bem
o pisoteio, se for para capineira ou campo de feno deve suportar cortes
freqüentes. Possuir teor de proteína entre 8 e 11% e possuir valores de fibras
ideais para o bom desempenho do intestino.
Os eqüídeos possuem necessidades
mínimas para garantir a integridade física e psicológica.
Física para garantir uma
quantidade de energia para o animal desempenhar as funções a que se destina e
Psicológica para garantir o tempo mínimo de ocupação próximo ao que o animal
tem em liberdade entre 13 e 16 horas. Essas fibras se dividem em solúveis que
fornecem nutrientes aos animais e insolúveis que são responsáveis ao bom
andamento do alimento no aparelho digestivo e para boa formação das fezes.
As fibras insolúveis não devem
ser superior a 18% da dieta alimentar para não levar ao aparecimento de
cólicas. Um capim muito novo possui baixo teor de fibras em contrapartida um
capim velho demais possui teor de fibras alto podendo levar a cólica.
Então a escolha do capim deve
levar em consideração adaptabilidade geoclimática, palatabilidade, teor de
proteínas, teor de fibras totais e fibras insolúveis.
Lembrando sempre que pastagem
depende de qualidade de solo, adubação específica para determinadas variedades
de capim.
Segue abaixo alguns tipos de
capins que poderão ser utilizados na formação de pastagens:
Coast-cross - de excelente
palatabilidade, adaptabilidade em diversas condições, valores adequados de
proteína e fibra. De fácil manejo tanto para pastejo, como para campo de corte.
É de implantação mais complicada por ser o plantio apenas por mudas.
Tifton - Variação do Coast-cross,
com excelente palatabilidade, adaptabilidade em diversas condições, valores
adequados de proteína e fibra. O manejo deve ser mais atento, pois passa do
ponto de corte com mais facilidade que o coast-cross. É de implantação mais
complicada por ser o plantio apenas por mudas.
Jiggs - Variação dos anteriores,
com excelente palatabilidade, adaptabilidade em diversas condições, valores
adequados de proteína e fibra. De fácil manejo, pois possui menos talo, sendo
mais difícil passar do ponto de corte. Produz menos massa por área. É de
implantação mais complicada por ser o plantio apenas por mudas.
Rhodes - Possui ótima
palatabilidade, adaptabilidade variável, bons valores de fibra e proteína. De
fácil manejo e implantação, pois o plantio é por sementes.
Colonião - Variedade mais
conhecida dos capins tipo Panicum, com boa aceitação pelos animais, com
proteína mediana. De fácil manejo e implantação, sendo o plantio por sementes
ou mudas.
Aruana - Variedade de menor porte
dos capins tipo Panicum (como Colonião), com ótima aceitação pelos animais,
bons valores nutritivos, com proteína mediana. De fácil manejo e implantação,
sendo o plantio por sementes.
Tanzânia - Variedade de menor
porte dos capins tipo Panicum (como Colonião), porém maior que o aruana, com ótima
aceitação pelos animais, bons valores nutritivos, com proteína mediana. De
fácil manejo e implantação, sendo o plantio por sementes.
Capim Elefante - Nome genérico
dos capins de grande porte, tendo como variedades o napier e cameroum, entre
outros. São ótimas opções como capineira, sendo restrito o uso como pastejo
pelo seu porte elevado. Possuem bons níveis nutritivos, se cortados no ponto
certo, entre 1,60 e 2,50 m
de altura. Se a planta estiver com menos de 1,60m de altura, possui teores
muito baixo de fibra, podendo causar diarréia. Se estiver com mais de 2,50m de
altura, possui teores muito elevados de fibra insolúvel, com baixo
aproveitamento dos nutrientes, podendo ainda causar cólicas.
Muitos outros tipos e variedades
de capins ainda podem ser utilizados, como Pangola, Capim Gordura, Jaraguá,
Transvala, Ramirez, etc., porém deve-se sempre levar em consideração a
adaptabilidade à região, palatabilidade para eqüinos e seu valor nutritivo
antes de sua escolha.
Nutrição em animais atletas
Os animais atletas merecem um
capítulo a parte neste texto. Para eles não basta colocar capim + ração de
manutenção + sal mineral disponível a vontade, precisamos aliar a isso alimento
de grande quantidade e qualidade de energia (como Equi Turbo, por exemplo) e vitaminas
específicas para o tipo de trabalho que ele realiza. Em animais de provas de
tambor, por exemplo, precisamos disponibilizar vitaminas que forneçam todos os
nutrientes para grande explosão muscular, pois são provas muito rápidas
disputadas contra o relógio, em contrapartida devemos fornecer aos animais que
participam de provas de marcha vitaminas que ajudem na manutenção da
resistência muscular, pois são provas de longa duração onde os animais que
possuem músculos bem resistentes sempre levam uma grande vantagem na parte
final destas provas.
Amapola RRC – filha do Campeão dos Campeões Nacional
de Marcha em 1994. Ela atualmente é matriz principal no Haras 2 Irmãos nas
cidades de Manhuaçu e Matipó - MG
Doping
Atualmente com o crescente número
de provas e competições nas diversas raças alguns donos de animais procuram
tirar um pouco mais de seus animais através de substâncias que, em quase todos
os casos, prejudicam os animais se utilizadas de forma contínua e sem controle.
Além de prejudicar muito seu animal o criador mata também a justiça, mata a espírito de
competição, mata a legalidade, mata os sonhos, mata o profissionalismo, mata a
honestidade.
“Qualquer semelhança entre este
texto e os textos do grande conhecedor de cavalos André Galvão Cintra não será considerada mera coincidência,
pois ele é pra mim um dos grandes conhecedores em nutrição de eqüídeos do
Brasil que eu utilizei para me orientar na hora de escrever este texto”.
* Eqüídeos – são eles: os eqüinos
(cavalo e égua), asininos (jumento e jumenta) e muares (burro e mula).
Escrito por Alexandre Werner Breder
Fonte: André Galvão Cintra
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