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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Nutrição em eqüídeos no Brasil

Olá amigos leitores!
Quero neste texto fazer colocações em cima do pouco que ainda conheço dos cavalos, mas que durante a vida pretendo aprender e dividir com vocês.
Após ler alguns arquivos que tenho guardado no meu computador pude ter uma idéia muito interessante para este novo texto.
Algumas pessoas sempre me escrevem perguntando sobre nutrição em potros e éguas e nem sempre é fácil passar informações corretas sobre este questionamento. Em muitos casos o problema não é somente o pasto de baixa qualidade, mas também o fornecimento de apenas um tipo de alimento durante um longo período. Vejo casos de eqüídeos em pasto de braquiária durante longos períodos e como o animal nem sempre apresenta emagrecimento o dono do animal deixa ele ali e não se importa em ofertar outras fontes de alimentos e quando este animal chega a apresentar um emagrecimento esta situação já está crítica. Sabemos que o capim braquiária não é palatável aos eqüídeos e que eles comem em grande parte deste capim apenas as sementes, e as folhas em muitos casos é tóxica aos animais levando ao inchaço da cara do animal e saindo uma peladeira em todo corpo, estes podem ser dois sintomas que poderão aparecer neste tipo de pastagem totalmente errada para eqüídeos na minha opinião.
Como este texto é voltado para a nutrição devo iniciar então com os potros. Devemos iniciar sua nutrição no terço final da gestação com o fornecimento de boa pastagem, sal mineral a vontade para a égua e também na primeira metade do período de amamentação do potro que vai até os 3 ou 4 meses (total) dependendo da raça do animal, lembrando que a segunda metade do período de amamentação 5 a 8 meses o potro já inclui na sua alimentação a busca por pastagens e outras fontes de alimentos que por ventura estejam disponíveis a ele.
Em raças que possuem limites mínimos e máximos de altura para registro costuma acontecer o seguinte: o criador que possui animais altos para a raça e com medo dos potros ultrapassarem o limite máximo de altura deixa seus potros subalimentados para não ficarem grandes demais e quando chega a hora do registro seus potros não alcançam nem mesmo a altura mínima de registro, aí é aquela maratona pra comprar GH (hormônio de crescimento) vitaminas, e nem sempre estes “recursos” salvam seus animais de ficarem sem o registro definitivo e serem somente registrados no castrado, no caso dos machos, ou das fêmeas de virarem apenas receptoras.
Segundo alguns nutricionistas de eqüídeos, o desenvolvimento das diferentes estruturas do potro é finalizado após o nascimento inclusive a maturação do sistema neurológico e uma subalimentação no período inicial podem comprometer a correta formação neurológica do animal comprometendo sua capacidade de aprendizado. O contrário também é verdade, animais bem alimentados possuem treinabilidade e capacidade de aprendizado muito melhores.
 Esta imagem mostra como na minha opinião os cavalos devem viver pastando em liberdade.
 
Os eqüídeos são na sua origem animais herbívoros, ou seja, sua base de alimentação é o volumoso (capim) podendo variar de gramíneas e/ou leguminosas, sendo que eu considero o melhor seria a união de gramíneas e leguminosas na mesma pastagem para maior variabilidade de alimentos para seus animais.
Este volumoso deve ser fornecido à vontade, deve ser de boa qualidade e adequado às necessidades a que pertença o animal, podendo ser: manutenção, crescimento, reprodução ou trabalho.
Os eqüídeos têm alta capacidade adaptativa aos mais diversos tipos de volumosos.
Exemplo: animais de regiões secas podem se adaptar a alimentos lenhosos de baixa qualidade nutritiva, e animais de regiões alagadas podem se adaptar à ingestão de ervas submersas.
Estas características citadas acima não são as mais comuns em nosso país e com a valorização dos animais de grande porte e com alta capacidade atlética, resistência e beleza, obriga-nos a oferecer alimentos de grande qualidade nutricional, pois somente assim teremos cumpridas as nossas exigências mercadológicas.
Claro que se ofertarmos alimentos de baixa qualidade os animais irão sobreviver, mas dificilmente terão algum destaque na sua área, seja morfológica ou na parte atlética se comparado a animais bem alimentados.
O Brasil por ser um país de tamanho continental, possui grande variabilidade na alimentação de seus animais, por exemplo: animais criados na região sul possuem necessidades diferentes de alimentação pelo clima frio durante quase todo ano e clima temperado, solo de boa qualidade se comparado com animais da região nordeste onde possui clima quente durante todo ano onde 23 graus são considerados dias frios, com períodos de seca em alguns meses e chuvas intensas em outros períodos.
Com isso não existe melhor capim para os eqüídeos e sim o melhor capim para atender melhor a determinadas regiões, pois não conheço nenhum capim que suporte os dois extremos, frio e calor intenso conforme citado acima.
O capim para eqüídeos deve possuir excelente palatabilidade. Se for para pastagens deve suportar muito bem o pisoteio, se for para capineira ou campo de feno deve suportar cortes freqüentes. Possuir teor de proteína entre 8 e 11% e possuir valores de fibras ideais para o bom desempenho do intestino.
Os eqüídeos possuem necessidades mínimas para garantir a integridade física e psicológica.
Física para garantir uma quantidade de energia para o animal desempenhar as funções a que se destina e Psicológica para garantir o tempo mínimo de ocupação próximo ao que o animal tem em liberdade entre 13 e 16 horas. Essas fibras se dividem em solúveis que fornecem nutrientes aos animais e insolúveis que são responsáveis ao bom andamento do alimento no aparelho digestivo e para boa formação das fezes.
As fibras insolúveis não devem ser superior a 18% da dieta alimentar para não levar ao aparecimento de cólicas. Um capim muito novo possui baixo teor de fibras em contrapartida um capim velho demais possui teor de fibras alto podendo levar a cólica.
Então a escolha do capim deve levar em consideração adaptabilidade geoclimática, palatabilidade, teor de proteínas, teor de fibras totais e fibras insolúveis.
Lembrando sempre que pastagem depende de qualidade de solo, adubação específica para determinadas variedades de capim.
Segue abaixo alguns tipos de capins que poderão ser utilizados na formação de pastagens:
Coast-cross - de excelente palatabilidade, adaptabilidade em diversas condições, valores adequados de proteína e fibra. De fácil manejo tanto para pastejo, como para campo de corte. É de implantação mais complicada por ser o plantio apenas por mudas.
Tifton - Variação do Coast-cross, com excelente palatabilidade, adaptabilidade em diversas condições, valores adequados de proteína e fibra. O manejo deve ser mais atento, pois passa do ponto de corte com mais facilidade que o coast-cross. É de implantação mais complicada por ser o plantio apenas por mudas.
Jiggs - Variação dos anteriores, com excelente palatabilidade, adaptabilidade em diversas condições, valores adequados de proteína e fibra. De fácil manejo, pois possui menos talo, sendo mais difícil passar do ponto de corte. Produz menos massa por área. É de implantação mais complicada por ser o plantio apenas por mudas.
Rhodes - Possui ótima palatabilidade, adaptabilidade variável, bons valores de fibra e proteína. De fácil manejo e implantação, pois o plantio é por sementes.
Colonião - Variedade mais conhecida dos capins tipo Panicum, com boa aceitação pelos animais, com proteína mediana. De fácil manejo e implantação, sendo o plantio por sementes ou mudas.
Aruana - Variedade de menor porte dos capins tipo Panicum (como Colonião), com ótima aceitação pelos animais, bons valores nutritivos, com proteína mediana. De fácil manejo e implantação, sendo o plantio por sementes.
Tanzânia - Variedade de menor porte dos capins tipo Panicum (como Colonião), porém maior que o aruana, com ótima aceitação pelos animais, bons valores nutritivos, com proteína mediana. De fácil manejo e implantação, sendo o plantio por sementes.
Capim Elefante - Nome genérico dos capins de grande porte, tendo como variedades o napier e cameroum, entre outros. São ótimas opções como capineira, sendo restrito o uso como pastejo pelo seu porte elevado. Possuem bons níveis nutritivos, se cortados no ponto certo, entre 1,60 e 2,50 m de altura. Se a planta estiver com menos de 1,60m de altura, possui teores muito baixo de fibra, podendo causar diarréia. Se estiver com mais de 2,50m de altura, possui teores muito elevados de fibra insolúvel, com baixo aproveitamento dos nutrientes, podendo ainda causar cólicas.
Muitos outros tipos e variedades de capins ainda podem ser utilizados, como Pangola, Capim Gordura, Jaraguá, Transvala, Ramirez, etc., porém deve-se sempre levar em consideração a adaptabilidade à região, palatabilidade para eqüinos e seu valor nutritivo antes de sua escolha.
 Nutrição em animais atletas
 Os animais atletas merecem um capítulo a parte neste texto. Para eles não basta colocar capim + ração de manutenção + sal mineral disponível a vontade, precisamos aliar a isso alimento de grande quantidade e qualidade de energia (como Equi Turbo, por exemplo) e vitaminas específicas para o tipo de trabalho que ele realiza. Em animais de provas de tambor, por exemplo, precisamos disponibilizar vitaminas que forneçam todos os nutrientes para grande explosão muscular, pois são provas muito rápidas disputadas contra o relógio, em contrapartida devemos fornecer aos animais que participam de provas de marcha vitaminas que ajudem na manutenção da resistência muscular, pois são provas de longa duração onde os animais que possuem músculos bem resistentes sempre levam uma grande vantagem na parte final destas provas.
 Amapola RRC – filha do Campeão dos Campeões Nacional de Marcha em 1994. Ela atualmente é matriz principal no Haras 2 Irmãos nas cidades de Manhuaçu e Matipó - MG
Doping
Atualmente com o crescente número de provas e competições nas diversas raças alguns donos de animais procuram tirar um pouco mais de seus animais através de substâncias que, em quase todos os casos, prejudicam os animais se utilizadas de forma contínua e sem controle. Além de prejudicar muito seu animal o criador mata também a justiça, mata a espírito de competição, mata a legalidade, mata os sonhos, mata o profissionalismo, mata a honestidade.
“Qualquer semelhança entre este texto e os textos do grande conhecedor de cavalos André Galvão Cintra não será considerada mera coincidência, pois ele é pra mim um dos grandes conhecedores em nutrição de eqüídeos do Brasil que eu utilizei para me orientar na hora de escrever este texto”.
* Eqüídeos – são eles: os eqüinos (cavalo e égua), asininos (jumento e jumenta) e muares (burro e mula).
Escrito por Alexandre Werner Breder
Fonte: André Galvão Cintra

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